sábado, 22 de janeiro de 2011

A Velhice de Rita

Aquele era apenas mais um dia, dentre tantos outros. Rita acordou cedo, escovou os dentes, fez o gargarejo com o enxaguante bucal e fez o café.
Tomou café, sentada à mesa de se apartamento, acompanhada de pedaços de bolo de cenoura com calda de chocolate.
O chocolate era uma de suas grandes paixões, tal qual ouvir música clássica. Nos seus muitos anos de vida, jamais tinha se imaginado na aposentadoria.
Trabalhadora ímpar, sempre prestativa e em dia com seu trabalho, levou anos a fio trabalho extra para casa - sempre com a intenção de melhor ocupar seu tempo. E, como assim a vida sempre marca sua presença, entretida com tais ocupações extra-horário, Rita não encontrou o homem de sua vida (ou mulher, pois ela nem sequer parou para pensar o que procurava).
Agora, aos setenta anos, aposentada compulsoriamente da repartição (já que ela já tinha o tempo de serviço há tempos, contudo preferiu não pedir a aposentadoria), seu único companheiro é Thomas, o gato branco com manchas de coloração caramelo. Thomas é assim, quieto, muito na dele. Mas basta que Rita termine seu café e abasteça seu recipiente de comida para que ele se torne bastante socializável.
E como não há muito o que fazer, Rita liga seu laptop e se senta no sofá, com a intenção de explorar sua nova casa. Observa no orkut a vida das pessoas, no facebook curte as postagens de suas primas de Belo Horizonte e, "retwita" algumas postagens de seu sobrinho-neto, Anderson, que já está com 18 anos.
E assim, neste clima de tecnologia aflorada, Rita vai se entregando - dia após dia - à sua velhice.

Nenhum comentário:

Postar um comentário